sábado, 15 de agosto de 2009

Em busca da universidade













































































Á
Srª Francisca Pereira da Silva, matriarca da família Silva, minha querida avó, que é uma líder nata e com seu jeito, delicado e tranqüilo sempre soube conduzir seus descendentes.







AGRADECIMENTOS


A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para que hoje, eu pudesse estar redigindo com muito orgulho estas poucas linhas.


À minha esposa querida que com muita paciência consegue administrar nossas vidas.


À minha mãe e irmãos que torceram pelo meu sucesso ao longo dos anos.


À professora Vera Fartes que me incentivou a realizar este trabalho gratificante e importante para a minha carreira.


A todos os professores, com os quais convivi durante o primeiro semestre de 2009.










































Não entendia como a vida funcionava Discriminação por causa da sua classe ou sua cor. Ficou cansado de tentar achar resposta
(Renato russo)


SUMÁRIO


1. APRESENTAÇÃO 06
2. PORQUE A PARTIR DO ENSINO MÉDIO? 07
3. O SEGUNDO EMPREGO 09
4. A FAMÍLIA 10
5. A CAMINHO DA UNIVERSIDADE 12
REFERÊNCIA 13

























1 – APRESENTAÇÃO

Este memorial me faz relembrar momentos que marcaram minha vida de estudante, me faz refletir sobre o papel do pedagogo na formação dos alunos. Ensinar a ler e escrever é objetivo básico da pedagogia. Diante de tantos problemas enfrentados pela classe estudantil ler e escrever torna-se mera formalidade do dia a dia da escola. O pedagogo tem como uma das suas atribuições sinalizar para os alunos os caminhos percorridos por teóricos para apropria-se do mundo.
Na certeza de esta sendo fiel aos princípios éticos, garanto uma reflexão contemplativa não apenas dos benefícios e avanços sociais, mas principalmente das mazelas que afligem as sociedades.
É gratificante expor parte de todo conhecimento que adquirir durante anos de estudos e pesquisas sobre educação.
Garantir uma oportunidade de acesso aos livros, uma cadeira em sala de aula, consciência social e política e econômica para maioria ou todos que não tem condições de usufruir do mínimo que uma pessoa de classe médio-alta dispõe deveria ser o objetivo de toda uma sociedade.
















2 – PORQUE A PARTIR DO ENSINO MÉDIO?


Pelo o amadurecimento da consciência política, social e econômica. Mesmo já tendo estudado, o desenvolvimento do Brasil durante o século xx, antes do ensino médio, não compreendia o sistema capitalista, e o porquê de um país, que de quase tudo se produz, ser considerado de terceiro mundo ou subdesenvolvido.
Morador de Cajazeiras o maior conjunto habitacional planejado America Latina, que mesmo com tal dimensão, só tinha um colégio de ensino médio. Como tinha que tomar ônibus para chegar a cajazeiras IV, onde estava localizado o Colégio Edvaldo Brandão Correia, falei com minha mãe:
---É melhor me matricular no Colégio Estadual da Bahia (Central). No centro da cidade as oportunidades surgem com mais facilidade. E ela se convenceu que eu tinha razão.
Matriculou-me no Central, mas as dificuldades eram as mais diversas:
Pegar ônibus ás 5h ou 5h20; falta de material didático, falta de dinheiro para merenda, etc. Mas nada disso me abatia comecei freqüentei a biblioteca central da Bahia, localizada nos Barris. E, ali, fiz um ciclo com outros jovens moradores do centro de Salvador. Discutíamos todos os assuntos que eram dados em sala de aula e aprofundávamos através da leitura de outros autores que não eram lidos em sala de aula. Tudo isso durante o ano letivo de 1989. Fui aprovado com bom aproveitamento.
No ano de 1990, uma greve dos professores no inicio do calendário escolar me fez refletir sobre as reais possibilidades de não continuar estudando, pois tinha que me apresentar ao Exército brasileiro.
Os acontecimentos não me favoreciam, a greve durou quase cinco meses e, meu padrasto se desempregou.
Eu teria que trabalhar para ajudar no sustento da família.
Em uma das apresentações ao Exército simulei um mal estar para ser dispensado de serviço militar. Foi o que aconteceu, fui dispensado.
Fui trabalhar na portaria de um condomínio. E, lá comecei a ler as revistas e jornais dos moradores. Pedir aos moradores mais próximos que me conseguisse livros, módulos ou qualquer material que me ajudasse nos estudos. Mas o sindico não gostou e me demitiu.
Meu irmão acabara de ser aprovado no concurso da Polícia Militar da Bahia. E eu vi o concurso como alternativa para ter um salário fixo e a possibilidade de voltar a estudar.
Fui reprovado no primeiro concurso que prestei exame. Mas meu irmão disse que era normal já que eu havia abandonado os estudos.
Naqueles dias ficava imaginando quanta falta faz não ter condições de estudar em boas escolas ou ter na família pessoas com capital cultural para nos estimular, trazer novos conhecimentos e nos levar em locais exuberantes ou ate mesmo exótico como os museus.
Neste momento é que percebo que mesmo na escola a uma competição que irá premiar os melhores colocados, devido ao seu alto capital cultural, e massacrar aqueles de baixo capital cultural, destruindo sonhos e oportunidades.
E, a família, em especial a minha, legitimava a estratificação social, dizendo que quando Deus quiser, nós venceremos os obstáculos, no meu caso ser funcionário público. Essa expressão era sempre uma forma de interditar minhas possibilidades de desenvolvimento.


















3- O SEGUNDO EMPREGO

Já não agüentava mais ver o sacrifício de minha mãe, apesar de ajudar nas atividades econômicas.
Ela havia colocado uma barraca de frutas e verduras na rotula da feirinha em cajazeiras X. Contudo o ganho era pouco, então resolvi que trabalharia em qualquer profissão.
Os estudos e o sonho de ser funcionário público ficariam para trás. Saia todos os dias para o bairro do Comércio, colocando currículo e preenchendo fichas de emprego em estabelecimentos comerciais. Até em escritório de advocacia, para offe boy, eu procurei. Mas o emprego não surgia. Aí pensei e falei para me mesmo:
---Vou para a construção civil. Quem sabe se lá não acho trabalho!
Passei a visitar canteiros de obras, mas minha idade, 19 anos, sem experiência contribuía para a negativa dos patrões.
Um dia já triste, com fome, quando retornava para casa li em uma placa na extinta TSS (empresa de transporte São Salvador), precisa-se de servente.
Era a minha oportunidade. Saltei do ônibus e seguir até a portaria. Quando olhei, tinha mais de vinte pessoas. Já estava lá, iria permanecer aguardando.
As 14h, o mestre de obras chegou perguntando:
---Quem estar com os documentos completa, levante o braço. Poucos levantaram.
---Sigam-me, disse ele.
Tive a certeza a partir daquele momento que estava empregado. Só três candidatos o seguiam, eu e mais dois.
Já o começaria no outro dia. A empolgação era grande. Fiquei imaginando que se fizesse um bom trabalho poderia ser cobrador de ônibus.
Naquele universo de trabalhadores braçais da construção civil eu era o único que havia concluído o ensino fundamental. Certamente a empresa me aproveitaria esse era o desejo. Com oito meses de trabalho cair na real, eles não me aproveitaria. Demitiram-me sem maiores explicações.





4 – A FAMÍLIA

Esses oito meses me serviram para refletir sobre a família. As dificuldades havia nos aproximados.
Minha mãe todos os dias pela manhã levantava para preparar a marmita. E, lembrava-me que o sonho dela não era aquele, dizia que se eu tivesse aproveitado melhor o meu tempo já teria concluído o ensino médio, e certamente trabalharia em outra área, pois não tinha sido para aquela função que ela me tinha colocado na escola.
Meu irmão dizia que se eu tivesse força de vontade poderia sair daquela profissão para uma melhor renumerada, uma quer exigisse menos esforço físico e mais atividade laboral.
Mais eu explicava que o trabalho era algo gratificante e não era uma atividade duradoura.
Ele respondia que quando a pessoa começa a ganhar dinheiro com determinado trabalho acaba se afastando da escola e conseqüentemente dos livros.
E, eu mentia dizendo que na obra dava para estudar.
Eles acompanhavam meu dia a dia, dizendo que era um esforço que não valia à pena.
No dia em que fui demitido, eles disseram que não era para eu ficar chateado, pois os patrões só me beneficiaram com o afastamento da empresa. E mandava que eu voltasse para a escola, por era ela que fazia o pobre ascender de uma classe social para outra mais rica.
Aquelas palavras me tocavam e enchia o meu coração, mas eu sabia que não era verdade.
Estudo trás conhecimento e raros são aqueles que conseguem ascender de uma classe social para outra.
Voltaria a estudar, tinha decidido, mais trabalharia na área de educação. Sabia que a educação não faria trocar de classe social, mais, contudo estaria em contato com alguns teóricos que me ajudariam a ser professor.
Fui trabalhar numa escolinha localizada no bairro onde moro. Aquela experiência me ajudou a se preparar para o próximo concurso da Polícia Militar da Bahia.
Estudava em casa pela manhã, dava banca a tarde e revisava os assuntos à noite. O esforço não foi em vão, passei no concurso com uma boa classificação.
Durante o curso percebi que a intolerância dos superiores era algo referente a posição social dos seus subordinados.
Já conseguia não me deixar levar pela emoção, buscava sempre agir pela razão e entender aquele afastamento que era evidenciado pelas repreensões dadas aos subordinados. Eles se julgam pertencer à outra classe social e por isso não vêem os soldados como pertencentes do seu grupo. Essa rejeição tem explicação, eles se julgam como pertencentes da alta burguesia da sociedade.
A minha luta é mostrar para alguns deles que apesar da diferença social temos valores, e eles tem que respeitar.





















5 - A CAMINHO DA UNIVERSIDADE

A retomada dos estudos não foi fácil. Já se passavam quase dez anos fora da escola, embora fizesse durante a semana leitura de livros literários e nos finais de semana a leitura de jornais e revistas. O entendimento de determinados conteúdos ficava prejudicado pela falta de capital cultural, afinal minha família tem um nível cultural baixo. E, como não tinha informação e a quem recorrer sentia-me depressivo e angustiado, a beira da loucura.
Um dia conversando com um amigo, ele aconselhou-me a visitar locais turístico, paradisíaco, de laser e históricos. E, a matricular-me na Fundação e Escola dos funcionários públicos (FUNDESP), que se situava no centro administrativo da Bahia (CAB), porque a instituição praticava o método humanista de ensino.
Não pensei duas vezes tinha que me matricular o mais rápido possível. A herança da família em termo de cultura era mínima, mas quanto a disposição para atividades braçais não deixava a desejar a nenhum senhor patrão.
Nesta instituição as regras de convivência e ensino eram abertas e dinâmicas, discutia-se de tudo fazendo com quer o aluno aprendesse a pensar baseado no lema do carpe diem (aproveite o dia). A solução dos problemas não se restringia a direção, havia participação do quadro de professores, funcionários e principalmente dos alunos, todos estavam comprometido com o sucesso da escola e o desenvolvimento dos alunos. Ali, os eventos aconteciam como se fosse a “casa dos homens cultos”, lembro-me bem de uma visita que fizemos ao Instituto Antares, em Feira de Santana-Ba, para estudarmos os astros. A busca conhecimento era realmente espontânea.
Daí em diante a universidade tornou-se uma questão de tempo, pois sabia que a conseqüência daquele ensino dependia das tentativas nos vestibulares, praticas de leituras de bons autores, principalmente nacionais, horas de estudos quando disposto, criticas aos fatos políticos, sociais, econômicos e culturais quando necessária e uma vontade irrefutável de pertencer a melhor instituição de ensino superior do estado da Bahia.




REFERÊNCIAS

NOGUEIRA, Maria Alice. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1998

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